Há
muitos anos atrás, havia um reino muito distante, onde as pessoas viviam sempre contentes, poucos eram os dias de tristeza.
O
rei e a rainha tinham uma filha muito bonita, ela tinha 15 anos mas não ficava
muito em casa. Ela viva em outro país, numa escola interna, voltava para casa
apenas em datas comemorativas, por isso o rei e a rainha ficavam muito sozinhos
durante os dias. A rainha então decidiu que queria mais uma filha, mas como
eles já estavam ficando mais velhos, uma gravidez à essa altura seria muito
arriscado.
A
rainha, muito teimosa, mesmo assim queria ter uma filha, sentia muito
falta da sua. Então decidiu que iria adotar uma criança, já crescidinha. Foram em orfanatos, iam num e outro, mas nenhuma chamava a atenção da rainha.
Já sem mais esperanças, foram no último, olharam, olharam, quando o rei já
estava falando em ir para casa, a rainha vê, em meio ao monte de crianças
brincando uma menininha, muito quietinha num canto, tão tristinha, coitada.
A
rainha foi falar com aquela menina, e ela num jeitinho tão doce, conversou com
a rainha sem nem saber quem ela realmente era. Foi então que a rainha
decidiu que iria adotar essa criança, mas a diretora do orfanato queria saber
se ela realmente queria aquela criança, se ela não queria outra, uma mais
alegre, mais diferente. Uma menina que fosse igual a eles. No inicio não
entenderam, mas depois viram que a criança estava sofrendo preconceito da
própria diretora.
A
rainha imediatamente quis adotar a criança e livrá-la de lá, pois ela devia
sofrer muito.
Eles a adotaram, colocaram a menina numa escola particular do reino deles mesmo, a
menina se encantava cada vez mais com o palácio que agora seria dela também,
com as pessoas, tão felizes, e ficava mais feliz e empolgada ao saber que teria
uma irmã mais velha que ela.
A
menina se chamava Lilierem e tinha apenas 7 anos. Com
o passar do tempo, a menina foi ficando cada dia um pouco mais triste, andava
não querendo muito ir pra aula, mesmo sabendo que precisaria estudar para, no
futuro ela e a irmã governarem todo o reino. O rei e a rainha acharam que isso
era apenas fase, pois ela não estava acostumada com tudo isso, com toda essa
vida de compromissos.
O
tempo foi passando e as férias de inverno chegaram logo, isso queria dizer que
a filha mais velha do rei e da rainha viria passar em casa.
Quando
a filha mais velha, que se chamava Stephanie, chegou ao aeroporto, o rei e a
rainha estavam a sua espera, e logo lhe falaram as novidades, contaram então da
nova irmãzinha.
Stephanie, que tinha um coração de ouro, e era muito bondosa como a mãe, achou
super perfeito uma nova irmãzinha, e que foi adotada, pois estariam ajudando
mais uma entre tantos que precisavam de uma família. Odiou a ideia de sua nova
irmã ter sofrido racismo por sua diretora, e um possível racismo por suas
coleguinhas.
Quando
chegaram em casa Lilierem já tinha chegado do colégio, e adorou conhecer sua
irmã. As duas ficaram o resto do dia conversando, Stephanie contava tudo o que
fazia na sua escola, e Lilierem ouvia com muita atenção e esperança de um dia
ir pra lá e fazer as mesmas coisas que a irmã. Quando sua irmã lhe perguntou
sobre a escola, ela falou pouco, disse que era legal, e normal como qualquer
outra, não tinha nada de especial, e logo mudou de assunto.
Stephanie
ficou muito preocupada mas não comentou nada, apenas continuou notando o
comportamento de Lilierem.
Cada
dia que elas ficavam mais juntas, Lilierem confiava mais na irmã, e certo dia,
Stephanie lhe perguntou de suas amigas, do porquê não irem à casa deles.
Ela então decidiu dizer tudo. E começou dizendo que não tinha muitas, que na
verdade tinha apenas umas 3 que apenas davam Oi, e se tinham trabalhos em grupo
elas até colocavam ela, mais não era nada de amizade forte. Que muitos lá não
gostavam de ficar perto dela, que todos olhavam torto pra ela, e que
cochichavam cada vez que ela passava, e que um menino até perguntou pra ela o
que o rei e a rainha tinham na cabeça de adotá-la. Do porque ela foi tão
especial a ponto de pessoas tão ricas adotarem. Que ela deveria estar junto com
os pobres, que ela não era gente de ser da realeza, e ainda por cima era negra!
Lilierem
começou a chorar relembrando de tudo isso, sua irmã não quis ficar quieta,
decidiu que quando começassem as aulas iria ao colégio.
E
foi. Falou com a diretora, foi até a sala de sua irmã, chamou ela lá na
frente pediu educadamente para ninguém mais fazer isso, e disso que preconceito
era algo horrível.
Stephanie
teve de ir embora para sua escola, mas Lilierem tinha que continuar ali, e o
preconceito não acabou mesmo assim. O preconceito até aumentou.
Certo
dia, numa aula foi pedido um texto sobre o que se pensava sobre preconceito, sobre
qualquer um deles. E Lilierem claro que escreveu sobre preconceito racial.
Quando
foi ler, fez questão de ir lá na frente, e falou coisas muito bonitas. Ela
disse:
“O preconceito racial, é horrível, é horrível
se sentir diferente, se sentir humilhado, sentir que ninguém te quer por perto.
Quantas vezes tive vontade de sumir, de nunca mais voltar. Mas não desistia,
porque tenho que estudar, não vou ser uma ignorante. Irei honrar meus pais.
Sim, meus pais, eu posso ser adotada ser muito diferente deles, mas eles são
meus pais. E querem saber o que eu penso mesmo? Que vocês tem inveja de mim,
mas não pelos meus bens matérias, e sim, porque vocês queriam ter minha
cor, vocês queriam se destacar dos outros tanto quanto eu, porquê? São
todos da mesma cor, apenas outras coisas mudam. E sabe? Vocês me discriminam
tanto, por nada, somos todos diferentes uns dos outros, até gêmeos idênticos
não são totalmente iguais, sempre tem alguma coisinha que dá pra
diferenciá-los. Só imaginem, como que seria o mundo se fossemos todos
completamente iguais? Seria chato não seria? Então! Pra que esse preconceito
feio? Nós vamos todos pro mesmo lugar, de baixo da pele temos as mesmas
coisas.”
E
nisso a professora se emocionou, e até seus colegas, que dali em diante, todos
começaram a tratá-la como gente, ela ganhou novos amigos, melhores amigos, e
descobriu que não adianta se isolar, que tem que falar mostrar que isso magoa
mas de um jeito educado. E viu que se ela tivesse falado tudo isso antes, tudo
teria se resolvido antes, viu que ser princesa não era fácil não, e que mesmo
sendo uma sofreu preconceito, o respeito que tinham, não tirou o porquê de sofrer preconceitos.
E
dali em diante ela viveu feliz para sempre!